Perfil

Assistente Técnico na área da saúde e artista plastico, nasceu em Santo Tirso no ano de 1965, cursou artes plásticas e expôs pela primeira vez no Posto de Turismo da Camara Municipal de Santo Tirso em Dezembro de 1985, tendo registado a execução do seu primeiro quadro a óleo no ano de 1983.

A sua produção artistica situa-se em àreas diversas como na pintura, cenografia, ilustração, fotografia, restauro, instalação e mais recentemente a escultura.

Teve formação académica com Prof. Doutor Francisco Laranjo da Faculdade de Belas Artes do Porto e com o Prof. Avelino Leite, foi discípulo dos irmãos Cavadas, Alberto e Rufino, e acompanhou com artistas como Mário Ribeiro e Luís Alberto.

No mês de Outubro de 1987, integra o grupo de artista que participam no Concurso de Pintura promovida pelo Governo Civil de Aveiro, em Setembro do ano de 1998 incorpora a representação de Santo Tirso na II Exposición Internacional de Pintura Y fotografia “ Cuidad de Alcazer de San Juan”, Castilha – la Mancha, onde obtem uma Menção Honroso, em Abril de 2009 fica classificado em 2º lugar no Concurso Nacional de Pintura e Desenho “Traços de Vila de Rei”, Castelo Branco, Menção Honrosa em 2012, e no ano de2013 e 2014 primeiro prémio do “Concurso de Pintura Padre João Maia” em Vila de Rei, com trabalhos em pintura.

Atualmente tem-se mostrado diligente na experimentação de novas formas e materiais mais concretamente no âmbito da escultura, onde tem realizado trabalhos onde associa materiais biológicos como restos de árvores à pedra, a metais e gessos acrílicos alcançando obras de extraordinária beleza e inovação, onde a figura feminina desempenha um papel preponderante, as quais já mereceram os melhores reparos por parte da critica.

No que concerne à pintura, esta caracteriza-se essencialmente por um estilo muito sus generis onde impera a multiplicidade cromática em temas onde o sagrado e o profano se fundem em fases de misticismo alternadas com outras de pura sensualidade, todavia, também se sente um forte sentido regional peneirado pela estética das vanguardas de onde sobressai a linha expressionista espelhado num projeto abemolado tendo como base um desenho rápido a partir do qual articula a obra completando-a de um cromatismo vibrante plasmado em vários suporte dispostos em camadas espessas e pastosas de matéria pictórica a demonstrar uma capacidade artística superior.

São inúmeros os trabalhos onde utiliza o gesto expressionista para exaltar a subjetividade de uma forte carga social projetando-o assim para fora de toda a pauta de consenso racional do meio artístico tirsense.

No seu vasto curriculum conta com mais de nove dezenas de exposições um pouco por todo o país, bem como no estrangeiro com principal incidência para Espanha, está representada em inúmeros organismos públicos e religiosos bem como em instituições culturais.








sábado, 30 de março de 2013

sexta-feira, 29 de março de 2013

quinta-feira, 28 de março de 2013

quarta-feira, 27 de março de 2013

segunda-feira, 25 de março de 2013

quinta-feira, 21 de março de 2013

sexta-feira, 15 de março de 2013

quarta-feira, 13 de março de 2013


Olhares com História

A Botica do Mosteiro de Santo Tirso

Por recomendação do fundador da Ordem, todos os mosteiros beneditinos tomaram a peito o cuidado dos doentes.
A botica do mosteiro beneditino de Santo Tirso foi construída no ano de 1746, em lugar adequado com quatro espaços e num deles colocada a imagem da Nossa Senhora dos Remédios, com esta legenda latina em três dísticos, cuja tradução, uma, aqui reproduzo.
 …Com razão Te consagramos, ò Virgem, estes medicamentos, pois sempre serás para os doentes saúde e vida”…
Em abono da verdade, as boticas dos mosteiros beneditinos, sempre estiveram situadas em zonas rurais, isoladas dos grandes aglomerados urbanos e onde desempenhavam um papel importante na benemerência social em favor dos mais pobres.

A Fonte dos “Cãezinhos”
Fonte assente numa planta semi circular, tendo ao centro, um portão de acesso à quinta, ladeado de dois tanques rectangular, cada ostentando uma tina ornamentados motivos heráldicos dos Beneditinos.
Esta Fonte foi construída nos finais do século XVIII, por iniciativa do abade D. Manuel de Santa Teresa, no curso do seu triénio de 1789 – 1792, num projecto do artista monge multidisciplinar Frei José de Santo António Ferreira Vilaça.

Afogado
…”No dia 18 do corrente, andava à pesca o nosso amigo, Sr. Ismael Gonçalo, encontrou na levada de Gião, regato de Sanguinhedo, perto da ponte do Arco, o cadáver de Joaquim Pereira de 48 anos de idade, e que era caseiro da Casa de Diniz.
Desde algum tempo que o desgraçado sofria um pouco de alienação mental. No dia seguinte àquele, procedeu-se à autopsia, constando os médicos que não houve crime, tratando-se, pois, d’ um lamentável desastre, ou do suicídio d’ um pobre louco”….

Jornal de Santo Thyrso 22 de Fevereiro de 1917

Batalha do Lys

A batalha de La Lys, deu-se em 9 de Abril de 1918, na região da Flandres, no sector de Ypres.
Nesta batalha, que marcou a participação Portuguesa na 1ª Guerra Mundial, dos 20.000 homens da 2ª Divisão do CEP, apenas regressaram 15.000, registando-se assim, a maior catástrofe militar portuguesa depois da batalha de Alcácer Quibir.
Ao evocar este conflito e a presença lusa tenho de deixar uma nota aos “bravos” da chamada Brigada do Minho (4ª Brigada de Infantaria do C.E.P. - Corpo Expedicionário Português), Brigada esta, que teve um papel muito activo na batalha de La Lys (9 de Abril de 1918),  onde foi dizimada pela ofensiva alemã apesar de ter aguentado durante 24 horas, para que possa uma noção do heroísmo desta Brigada do Minho, basta fazer uma referência ao desequilíbrio dos soldados portugueses e alemães neste sector, sendo que no dia anterior os alemães alteram o seu dispositivo militar, colocando quatro divisões com quase 50 mil homens, reforçadas nesse dia com mais 30 mil soldados. Os portugueses são só 20 mil.
A 4ª Brigada de Infantaria (Brigada do Minho) que desde 7 de Fevereiro do ano de 1918 guarnecia e tinha a seu cargo a responsabilidade do sector de "Fauquissart" (França), tendo a cooperar com ela tacticamente o 6º Grupo de Metralhadoras Pesadas e as 4ªs baterias de morteiros médios e morteiros pesados.
Em termos de nota de curiosidade, que tive um tio-avô por linha paterna que integrou este Corpo Expedicionário

 Conde de S. Bento
Nas redondezas as romarias que mais metiam fogo eram a de Nossa Senhor das Dores e de S. Torcato de Guimarães, onde se queimavam as melhores vacas, “brasileiro” Conde de S. Bento, apesar dos seus sessenta e tais anos, era sempre o juiz destas romarias e de todas as grandes funções e não olhava a gastos, ele pagava e fazia um figurão e se a juíza era pobre, dizem as más-línguas que a chamava a casa, e se esta era dada, condecorava-a com um grande cordão de ouro.
Silva Mendes criticava com sarcasmo e ironia a benemerência do Conde, enquanto que Camilo o detestava atribuindo-lhe praticas de agiotas.

Costura

Na Vila as meninas aprendiam costura na cãs da viúva de José Santos, onde se ensinava a trabalhar em costura, conforme anuncio do jornal de Santo Thyrso de 10 de Novembro de 1921.

  
7 de Fevereiro de 1927

Na madrugada de 7 de Fevereiro de 1927, eclodiu no Porto um movimento revolucionário com intervenção de forças do exército, movimento esse que alastraria a Lisboa, alguns dias mais tarde.
Sem dúvida a primeira de uma serie de tentativas para derrubar a ditadura de 28 de Maio do ano anterior.
Os objectivos da sublevação eram explicados manifesto divulgado no Porto e assinado pelo General Gastão Sousa Dias, comandante das forças revoltosas naquela cidade, por Jaime de Morais, Jaime Cortesão, capitão médico miliciano, pelo capitão João Sarmento Pimentel, João Pereira de carvalho e pelo coronel Fernando Freire.

Desordem

Na pacatez de uma vila como a de Santo Tirso qualquer distúrbio é notícia, assim o Semana Tirsense de 20 de Fevereiro, publicava que;

…Ante - ontem à tarde envolveram-se em questão no Lugar da Poupa, José Pereira e albino Bento de Carvalho, resultando ficar o Albino Gravemente ferido, com algumas facadas pelo corpo.
Pelo abalizado clínico tirsense, Sr. Dr. Délio Santarém, foi-lhe feito o curativo na Farmácia Faria, tendo o ferido seguido para casa.
Ignoramos as razões do conflito, mas neste e outros casos idênticos, são resultantes da falta de policiamento nesta vila”…

Artigo publicado no Jornal de Santo Thyrso em 8 de Março de 2013


Reprodução fotográfica captada durante o acto inaugural do Hospital da Misericórdia em 26 de Outubro de 1919

Casa de saúde de Santo Tirso (algumas notas)

Em edições anteriores já teci algumas considerações sobre a primeira Casa de Saúde que se localizava junto ao Parque D. Maria II, a qual teve como principal mentora a D. Maria do Carmo Azevedo, tendo-se iniciado as obras em Dezembro de 1886, sendo autor da planta, José Joaquim Mattos Monteiro, construtor de obras públicas e chefe da via e obras do caminho de ferro de Guimarães.
Ainda antes da conclusão da obra, e atenta as necessidades, a Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, por deliberação tomada em 18 de Agosto de 1890, arrendou uma casa na Rua Cyrillo Machado onde foi estabelecido um Hospital provisório
A data altura, mais concretamente após um grave sinistro ocorrido com trabalhadores do caminho-de-ferro, conclui-se que este espaço era exíguo para as solicitações e foi avançada a ideia da construção de um novo espaço para Casa de Saúde, das inúmeras iniciativas para a angariação de fundos para a construção de tão desejável hospital, sobressai o Sarau Ginástico e Equestre, no Circo Penedo realizado em 25 de Setembro de 1886, promovido pelos filhos de Eduardo Alves Cunha.
Mas naturalmente, e como já tive oportunidade de referir em anteriores edições se não fosse a generosidade do Conde de S. Bento não seria possível a população tirsense usufruir desta casa de saúde desde 1919. 

segunda-feira, 11 de março de 2013

domingo, 10 de março de 2013


Tela de Hilário Sineiro premiada com Menção Honrosa na 5ª edição do Concurso Nacional de Pintura e Desenho Padre João Maia 2012 em Vila de Rei

sábado, 9 de março de 2013



Lenda do Espada a Rastos

Nas lendas encontramos o mundo da imaginação do homem confrontado com as grandes interrogações para as quais desde os princípios dos tempos sempre tentou encontrar respostas.
No ano de 1834 estava-se em pleno período das lutas liberais, guerra que opunha partidários de D. Pedro (os liberais) às forças de D. Miguel, que viriam a ser derrotados em 1846 com a revolução da Maria da Fonte.
É neste cenário de escaramuças um pouco por todo o país, que surge um Alferes de Cavalaria das tropas leais a D. Pedro, que depois de encerrar o Convento Beneditino de Santo Tirso, instala o seu quartel-general na Quinta de Gião, o que motivou a fuga dos seus legítimos proprietários.
Os anos foram passando, a guerra acabou e o alferes decide apoderar-se da Quinta, propriedade que para além da casa solarenga com pedra de armas (brasão) da família Lopes Ribeiro, executado em granito, datado de 1577, situava-se na padieira da porta em frente ao eirado, possuía olivais, bosque, campos de cultivo com sistema de regadio próprio e produção de azeite.
Já com idade avançada o Alferes morreu sem deixar descendentes, ficando como herdeiras umas sobrinhas afastadas a quem o povo apelidou das “senhoras de Gião”.
Quem o conheceu em vida caracteriza-o como um homem de baixa estatura, inspirador de respeito, mas afável, apesar de rumores de um romance amoroso que manteve com uma criada e a morte obscura do filho de ambos, seja menos abonatório para esta personagem envolta em mistério, sendo o seu maior pecado ter tomado posse indevida de terras, o que o condenou a penar pela eternidade.
Estava, assim, criada a lenda do espada a rastos, com relatos fantasmagóricos alimentados pelo imaginário popular.
Contavam os mais velhos que logo após as trindades quem atravessa-se a Quinta ou passa-se no Corvilho (actual Rua D. Maria do Carmo Azevedo), ouvia passos acompanhados do arrastar de uma espada, chegando aqueles mais fracos de espírito a ver uma miragem ténue e esbranquiçada de um oficial de cavalaria montado no seu cavalo branco.
Muitos relatos existem sobre a quinta e o alferes, no entanto em contactos que estabeleci com pessoas de muita idade residentes na margem esquerda do rio Sanguinhedo, junto à extinta quinta, ainda subsistem algumas reticências em abordar o assunto.
Com a morte das “senhoras de Gião” e a crise de sucessão de herdeiros, a casa foi vandalizada, sofreu um incêndio que a destruí por completo, libertando o alferes do quarto onde estava aferrolhado, segundo diz o povo, sendo certo, que no referido quarto se registava um facto curioso, não havia mobiliário e no centro e sobre o soalho apenas existia uma casaca de alferes, umas botas e a famosa espada.
Ainda hoje há quem afirme que nas noites escuras de Inverno, e quando o vento sopra com mais intensidade, se ouve os passos com o rastejar de uma espada.
Acreditando ou não nesta narrativa, o que importa é salientar que faz parte integrante dos contos fantásticos das gentes de Santo Tirso e que não deve ser esquecida.
Recolha registada da tradição oral por Hilário Sineiro Machado em Maio de 2000 inicialmente transmitida sob a forma de conto na Rádio Voz de Santo Tirso e posteriormente publicada no semanário “Semana Tirsense” e “Jornal de Santo Thyrso


Óleo sobre tela - Antiga casa da Quinta de Gião

quinta-feira, 7 de março de 2013

domingo, 3 de março de 2013


Óleo sobre tela -Margem do Ave

Escultura em arame e papel - Flauzinha - 2010

Óleo sobre tela - Em família - 2009

Aguarela - Mosteiro Beneditino de Santo Tirso - 2009

Escultura em pasta de papel e tecido - filho da desgraça - 2013

Escultura em pasta de papel - Pipi das botas altas

Pintura acrílica sobre tela - Capela de S. Bartolomeu - Santo Tirso


Lenda da Fonte da Maria Velha

Apesar já ter publicado esta versão da Lenda da fonte da Maria Velha, no Jornal de Santo Thyrso há cerca de uma década, decidi reedita-la tendo em conta a insistência de alguns tirsenses.
Esta narrativa é uma das mais conhecidas em Santo Tirso e está ligada a uma fonte, cuja água e segundo a tradição oral, prende para sempre a Santo Tirso quem a beber de joelhos, situada ao fundo da Rua do Tapado, local que a data era muito importante, pois passava a estrada do Porto para Guimarães por Santo Tirso.
Bartolo, filho de um abastado morgado dos lados de Burgães, morre de amores por Maria, lavadeira, mas sincera no seu amor.
Para colocar um ponto final na vida mundana e boémia, o morgado, impõe ao filho a regra e obriga-o a entrar para o mosteiro Beneditino de Santo Tirso.
Em terras do Mosteiro, junto ao Portão do arco de entre muros, por onde os monges saíam para o couto, quem andava de amores não dormia.
Era na calada da noite de Bartolo jurava o seu amor a Maria, reinava naquele tempo el-rei D. Pedro II.
Em cada encontro o amor engrandecia nas suas almas uma paixão quase doentia, o que originou medidas drásticas de clausura do Dom Abade do Convento sob pressão do morgado, o jovem frade entra em agonia e pressente a proximidade do fim, a depressão e a melancolia consume-lhe o corpo e a alma e pouco depois morre.
Sem notícias, Maria, á hora certa, espera, dia após dia, ano após ano, a juventude passa e a velhice chega sem avisar.
Enquanto espera, chora lágrimas que fazem brotar uma fonte, água que Maria bebeu e ali mesmo morreu.
O tempo passou e a bica não secou, diz o povo que nesta água de amor e feitiço, quem a beber, não mais abandona Santo Tirso.
A Fonte da Maria Velha, num passado ainda não muito longínquo, era local de paragem obrigatório para descansar os pés e afugentar a sede aos romeiros que, no dia 15 de Agosto, iam pagar as suas promessas ao Monte de Nossa Senhora da Assunção.
Em 16 de Março de 1835 foi deliberado pela Câmara Municipal a alteração do espaço e rebaixado o rego que ganha a bica da fonte com a configuração de detém actualmente.
Refira-se a título de curiosidade que em Macau existe uma lenda em todo idêntico à de Santo Tirso, a fonte da água de Lilau que relata que quem a beber teima em permanecer em Macau e quem consegue quebrar este feitiço não morre sem lá voltar.

sexta-feira, 1 de março de 2013


Apontamento Monográfico da Paroquia de S. Bartolomeu de Fontiscos

Carta do Sacristão de S. Bartolomeu Treplicalho da Silva ao seu amigo Zé Bacalhoeiro sineiro da Igreja da Senhora das Dores da Maia

No Jornal de Santo Tirso edição de 6 de Setembro de 1883, na pagina 3, encontramos uma carta do Sacristão de S. Bartolomeu ao seu amigo Zé Bacalhoeiro, sacristão da Igreja de Nossa Senhora das Dores, da Maia, carta esta onde começa pelas saudações habituais, seguindo-se um relatos da festa em honra de S. Bartolomeu que tinha acontecido no dia 26, com procissão, missa cantada com a presença de muitos devotos, mas sobre tudo exalta os poderes do Santo contra o demónio.
…” Amigo, agradeço as notícias e descrição que me mandas da tua pomposa romaria, e eu para corresponder ao teu mimo, vou em poucas palavras descrever-te cá a festinha do meu patrão, S. Bartolomeu, que teve lugar no dia 26 do passado Agosto”…
…” No dia seguinte uma procissão acompanhada por alguns devotos, uma missa cantada e ouvida com muita devoção e um sermão escutado com religiosa atenção, eis aqui a festa com que teve de contentar-se o inimigo do brazabus”…

A Lenda do Milagre de S. Bartolomeu

Reza a história que havia no mosteiro de Landim, um frade de nome Anastácio que padecia de uma enfermidade incurável.
Por via disso, não podia tomava banho, o que obviamente dava origem a que criasse hospedeiros indesejáveis, para além do mau cheiro, por isso, era censurado pelos outros frades que não se conformavam com a atitude do seu comportamento e afastavam-se dele.
Certo dia, alguns frades tiveram de ir à pequena capela de S. Bartolomeu de Ervosa cumprir determinadas obrigações. Frei Anastácio mostrou vontade de os acompanhar, o que lhe foi imediatamente negado, apesar disso o martirizado frade não desistiu, meteu os pés ao caminho e lá foi.
Chegado á margem do rio, o bom frade reparou que os seus companheiros não lhe tinham deixado nenhum barco, e como a ponte da Lagoncinha ainda ficava longe, lançou o capote à água e saltou para cima dele e assim atravessou o rio sem se molhar, e sem esforço.
Os frades que tinham recusado a sua companhia, ao saberem da milagrosa travessia, rodearam frei Anastácio dos maiores carinhos e honras, mas tudo o frade recusou, advertindo os companheiros que enquanto tivesse as graças de S. Bartolomeu de Ervosa, não temeria transpor os mais difíceis obstáculos que Satanás opusesse as ás suas intenções.
Depois de conhecido o sucedido no Mosteiro de landim foi considerado santo.

Notas Soltas

Curiosidades linguísticas

Cabeceira – Rapariga que habitualmente dá umas cabaças, o mesmo que infiel ou desleal.
Mal haja a cabeceira
Tanto cabaço tem dado.
Deus permita, a virgem queira
Que tenha algum guardado.


Linguagem da Medicina Popular

Achacado – mesmo que adoentado

…” Eu, cada vez que vou a um enterro, fico a cismar toda a noite, e acordado achacado”…
Camilo castelo Branco, vinte horas de Lit, pag. 222.

Acidente – o mesmo que ataque epiléptico.

Aduela de Menos – desequilíbrio mental.

…”Olha como ela ri!...esta rapariga tem aduela de menos, não tem Rosinha”…
Camilo Castelo Branco, Filha do arced,, pag. 122.

Assistência – Menstruação.

Bicho – termo popular para designar o herpes e outras dermatoses

…” e por fim talhou o bicho com perfeição e felicidade à Mariquinhas”…
Camilo Castelo Branco, Scenas contemp., pag. 43.

Caroço - gânglio enfartado.

Camilo & Eça

No tempo destes dois geniais romancistas, era moda dizer mal de tudo, desde os homens às Instituição, desde à Pátria até à religião
Camilo, anotava a lápis na margem dos livros que lia, ásperos comentários, e um dos principais visados era o Eça, a propósito da Relíquia, Camilo escreveu o seguinte:
…”Este livro como romance é uma pochade, em que todos os caracteres são caricaturas, e armadilhas às gargalhadas de baixa comedia, os plágios são frequentes”…
Eça, em público deprecia igualmente Camilo, afirmando que hesita, amontoa, retorce, embrulha e faz um pastel confuso que nem o diabo lhe pegava.

Fotografo afamado

Em 1901, eram famosos os trabalhos fotográficos de José Maria Carneiro de Varziella, o Jornal de Santo Thyrso de 21 de Abril de 1901, tece rasgados elogios a este fotógrafo.
…” Não diremos amador, porque è mestre, fotógrafo distintíssimo, que se vivesse numa cidade como o Porto ou Lisboa teria o nome laureado, uma reputação condigna. Vivendo num meio acanhado os trabalhos do nosso amigo são pouco conhecidos, mas em compensação, apreciados por todos.

Ditados Populares sobre barbeiros

Nas barbas do homem tolo
Aprende o barbeiro novo

Nem barbeiro mudo
Nem cantador surdo


O meu barbeiro não deixa coiro, nem cabelo

A Quadrilha do Lourenço

Este conhecido e mítico salteador, que roubava tudo e todos com extrema crueldade, tinha a sua área de influência em quase toda a região de Vila Nova de Famalicão de onde era natural, fazendo por vezes incursões juntas á Ponte da Lagoncinha, Argemil, e “vale dos Asnos”, palco das suas frequentes façanhas. Deste quadrilheiro Alberto Pimentel relata-nos uma tentativa de assalto sem êxito ao Mosteiro Beneditino de Santo Tirso, na sua edição de 1902 de “Santo de Riba D’ Ave”, pag. 54.
Refira-se a este propósito e tendo em conta a frequência destes assaltos, que o rei D. Miguel, por decreto de 14 de Novembro de 1829, determinou que quem descobrisse o autor ou autores de tais roubos receberiam de premio a quantia de 500$000 reis.
A tradição oral oferece-nos inúmeras histórias de assaltos acompanhados de violência extrema em nada semelhantes ao seu contemporâneo Zé do Telhado, que era chefe da quadrilha mais famosa do Marão, conhecido por "roubar aos ricos para dar aos pobres" e por isso muitos consideram-no como o Robin dos Bosques português, acabou por ser preso e na Cadeia da Relação conhece Camilo Castelo Branco em Março de 1859. Contrariamente ao que muita gente pensa o Zé do Telhado nunca efectuou qualquer assalto na nossa região e não existe nenhum registo da época que ateste tal facto.
O Lourenço ladrão, não acabou na cadeia, nem atravessado por uma bala numa encruzilhada, quando se sentiu sem forças recorreu à mendicidade para sobreviver, sendo certa manhã, encontrado morto na sua cama.
No Coração do Minho, entre Bougado e Famalicão, a Terra Negra foi viveiro de bandoleiros e dali saíram as maltas das celebres das quadrilhas do Lanhoso, como o “Torto”, o “Mata Mouros”, o “Apóstato”, o “Negro”, o “Jamanta”, o “Mata Sano”, o “Tábuas”, o “Faísca”, os “Vendas”, os “Ribeirões””, o “Pap’Açúcar”, o “Engenha”, o “Santa Marinha”, o “Facade-Mato”, o “Conca” e muitos outros.

Vilalva

Alberto Pimentel, na sua edição do “Lobo da Madragoa” datada de 1904, imortaliza este local e a zona circundante do rio Sanguinhedo na Ponte velha, através da personagem “Teresinha de Vilalva”.
…”a paisagem era tão bela como sempre fora.
Os casais brancos esmaltavam sorridentes a verdura da vegetação frondosa, pelas duas encostas dos outeiros que formam o pequeno vale do Sanguinhedo. Desses alegres casais adviera a povoação de Vila Alva - Vilava. Do alto do Pedro, um dos outeiros, vem a aldeia descendo graciosamente disposta, até ao rio, e daí sobre até ao cimo do Penedo, que é o segundo outeiro, não menos povoado e viridente.
O riacho apesar de minguado de águas no Verão não chega a secar nunca. Vai deslizando por entre pedregulhos com mais ou menos facilidade, segundo a estação. Afluente do Ave, leva-lhe o seu curso, que em todo o caso é insignificante.
Uma ponte antiga, de granito – essa resistente e veneranda pedra que em todo o norte desafia os séculos – previne a hipótese, aliás pouco provável do Sanguinhedo transbordar interceptando a povoação”…


A origem dos Apelidos das Famílias

Barroso – apelido de raiz toponímica, teve a sua origem nas Terras de Barroso, em Trás-os-Montes. O primeiro que o usou, e que provinha da antiga linhagem dos Guedeões, retirou-o de uma torre no lugar de "Sipiões", naquela região, da qual foi Senhor, foi D. Egas Gomes Barroso, filho de D. Gomes Mendes Guedeão e de sua mulher D. Chamôa Mendes de Sousa, ambos tratados no Nobilário do Conde D. Pedro, filho de D. Dinis, onde se vê ainda ser neto de D. Gueda, o Velho.
Este D. Egas foi   rico-homem dos Reis D. Sancho II e D. Afonso III, tendo ido em 1247, durante o reinado deste último soberano, ao cerco de Sevilha, em auxílio do Rei D. Fernando, o Santo, de Castela. Dos dois filhos de D. Egas vêm duas distintas linhagens: a dos Bastos, descendentes de seu filho segundo, D. Gomes Viegas de Basto, e os Barroso, provenientes do casamento do primogénito Gonçalo Viegas Barroso com D. Maria Fernandes de Lima. Destes ficou vasta geração, a qual manteve o uso do apelido, muitas vezes até por linha feminina. Fixando-se na região de Braga e Barcelos vieram a ser Senhores e administradores de bons Vínculos e Morgados, como os das Quintas da Falperra, do Eixidio, de Oleiros, ou de S. Jorge, que tinha Capela em S. Francisco, no Porto. As armas usadas por esta família são: de vermelho, cinco leões de púrpura, armados e linguados de ouro, cada um carregado de três ou de duas faixas também de ouro.
Com este apelido realço a personagem de D. António Barroso, que esteve ligado à nossa terra quer por laços familiares bem como pelas inúmeras visitas efectuadas mas também pelo incentivo demonstrado para que a Basílica de Nossa Senhora da Assunção fosse uma realidade.
D. António Barroso nasceu em Remelhe, Barcelos, em 5 de Novembro de 1854. Formou-se no Colégio das Missões Ultramarinas de Cernache do Bonjardim, de 1873 a 1879.
Ordenado sacerdote missionário em 20 de Setembro de 1879, foi missionário no Congo, Angola, de 1880 a 1891. Destacou-se como Bispo Missionário em Moçambique de 1891 a 1897 e em Meliapor, na Índia, de 1897 a 1899. Foi Bispo do Porto de 1899 a 1918. Faleceu a 31 de Agosto de 1918
D, António Barroso situa-se entre os mais notáveis da história portuguesa, seja nas primeiras e determinantes aventuras do Congo (1880), seja como incansável Prelado de Moçambique, seja como resistente construtor da comunhão em Meliapor (Índia). Com toda esta experiência evangelizadora de autêntico herói da Pátria, que muito amava, é escolhido para Bispo do Porto (1899). A bondade fraternal e a firmeza militante da sua condução pastoral conquistaram os portuenses. Quando se vê na necessidade de enfrentar o prepotente Afonso Costa, como ditador e perseguidor da Igreja, mostra a nobreza de carácter e a dignidade ponderada. A corajosa frontalidade não se situa na recusa do novo regime republicano, aliás acolhido como legítima autoridade. A mover a reacção plena de dignidade do Bispo do Porto estão critérios de injustiça praticada para com a Igreja. Combate pela liberdade religiosa, com a grandeza de coração norteadora das suas atitudes solícitas pelo bem das comunidades.